segunda-feira, 13 de julho de 2020

Do pranto fez-se o canto,
Da voz saiu a essência,
Falo muito, mas calo tanto,
Palavras em abstinência.

Palavras perdidas dentro de mim
Por medo de serem faladas
Em um rompante explodem, enfim
Cansadas de conversa fiada.

Fiar, tecer o que se sente
O fio da vida a se emaranhar
Nas formas da teia da mente.

O presente é o que importa
Passado é janela emperrada
Futuro é a esperança que aporta
No cais de uma nova jornada.

Ciclos são a nossa única certeza
Fase que encerra pra outra começar
Em cada uma existe a singular beleza
Entre o recomeço e o desabrochar.

Fácil ninguém disse que seria
Mas o processo se faz necessário
Montanha-russa de tristeza e alegria
Dessa vida sou apenas o operário.

Ergo as paredes, parte por parte
Com o material que o destino me cede
Dos apegos, aos poucos, faço o descarte
E aqui dentro ouço a voz que me pede

 "Descobre menina, qual é o teu lugar,
Tens tanto a fazer nessa Terra
O caminho tá aberto pra vc passar
E encarar de frente essa guerra."

Guerra externa reflete a batalha interna,
Meus inimigos estão dentro de mim
Eles lutam pra saber quem governa
Mas sou eu quem governa, enfim.

Sou o self por trás do personagem
Mergulhado em um mundo dual
Em meio aos formatos da imagem
Da minha mandala sou o ponto central.

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