De repente um nó na garganta
Aqui tem tanta coisa guardada
A vontade é de mudar o mundo
Mas nem minha raiva tá controlada
Nem minhas contas estão pagas
Minha sanidade tá cambaleando
Corda bamba entre a fé e a revolta
Com um Deus que não tá ajudando
Deus tá quieto, só observando
A humanidade toda aqui se matar
Uns dormem em berço de ouro
Enquanto outros não tem nem o jantar
Mas que raiva que me dá
Dessa gente que não dá pra chamar de gente
Mais cruéis e perversos não há
Predadores com carne preta entre os dentes
A vontade é logo de surtar
Soltar os gritos presos no peito
Mas me diz, quem é que vai me escutar?
Se o sistema existe há tempos desse jeito?
Quantos prefeitos vamos ter que trocar
Pra parar de jogar merda na Lagoa?
Quantas árvores vamos ter que derrubar?
Quanto bicho ainda vai morrer à toa?
Isso tudo não é por acaso
É um projeto muito bem arquitetado
Baseado na opressão e no descaso
Genocídio sob ordem do Estado
PM executa a missão dada
De exterminar e fazer o descarte
Restos da ditadura inacabada
Que o bozo tá apertando o restart
Mas tudo isso faz parte
É só ler os livros de história
Povo que não conhece seu passado
Tá fadado a reviver sua escória
E agora, a gente chora?
Quem é que vai ouvir o clamor?
De um povo que sonha com a hora
Em que não sentirá mais a dor.
Lá se vai mais um João
Vítima da necropolitica
Ele era só mais um cidadão
Que dos dados virou estatística
Mas apesar de todo o pesar
De ser o lado que descarregam o pente
A covardia pertence ao lado de lá
Do lado de cá Marielle presente
O povo não se deixa abalar
Luta e reluta pela sobrevivência
Resistir em primeiro lugar
Fazer valer seu direito a existência
Essa Terra é de índio e de preto
É dos bichos e das entidades
E apesar de todo o esforço
Vão precisar se empenhar com vontade
Pra conseguir acabar com essa gente
Vão ter que muito ainda suar
Em cada um foi plantada a semente
E logo o povo vai se juntar
É bom vocês ficarem com medo
Porque o povo cansou de apanhar
Nossa força já não é mais segredo
Seja bem vinda revolução popular!
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